Brasil nunca mais

Compartilho com vocês minha dificuldade de agora, ela paralisa e asfixia. Houve tempos em que minha inconsciente juventude permitia que eu colorisse com festas a mais feiosa das vidas. O mais cinzento dos tempos. Não sei o tipo de patologia, mas eu floria exuberâncias onde poucas flores tinham, pintava beleza onde ligeiro traço havia, enaltecia elegância havendo leves sugestões. E todos resplandeciam, e os cenários preciosos emolduravam casamentos, festas, jantares, em que todos almejavam estar, e a vida se tornava mais perfeita para os frequentadores daqueles ambientes ou os apenas leitores de minhas páginas de jornal. Eu tinha o dom.

Compulsivamente, eu maquiava o dia a dia, a night by night, fazendo tudo mais frenético do que de fato, mais e mais encantador. Recepções, bailes, coquetéis, trepidações em boates, foram incontáveis páginas de jornal cobertas com centenas, milhares de fotografias, que se desdobraram em milhares outras, de outros jornais e de outras colunas, emergindo tal e qual em todo o país, no mesmo estilo editorial, na trilha daquela minha viagem, determinada a fazer especial e mágico o mundo da elite brasileira.

Os profissionais da moda me amavam. Seus ateliês viviam agendados, a cada evento  noticiado. Eu, filha de costureira, me rejubilava com isso. Os cabeleireiros, cheios. Floristas, banqueteiros, profissionais de festas, todos satisfeitos. A coluna social do sábado fazia o mundo girar, palpitar, gargalhar. Colunas da concorrência empenhavam-se em se igualar, podiam até ser melhores em tudo, porém no capítulo fazer  bombar era minha a primazia.

Até mesmo no carnaval. Perguntem ao Amaral quem fazia anualmente o Baile Borbulhantes, de carnaval, do Hippo? E ao Priolli, a quem ele delegava seu camarote principal, todos os anos, no Baile da Cidade, no Canecão? Ao Recarey, quem ocupava anualmente, com seus convidados, o maior camarote do Baile Oficial da Cidade, quando passou a ser no Scala – e acontecia um baile dentro do baile? E ao Marcio Braga, perguntem quem inventou o Baile Vermelho e Preto – e apoiou? Ao Phillip Carruthers e à Andréa Natal, quem desde sempre apoiou o Baile do Copa, até ele se tornar um sucesso? E quando Régine Choukroun vinha de Paris promover seu baile de pré-carnaval Le Cirque Fantastique, do Canecão, era em minha casa o coquetel de convidados que o antecedia, com todas as celebridades internacionais que chegavam. Quanto fôlego!

Sem esquecer das escolas de samba.  Quando, bem antes do Sambódromo, sugeri ao João Roberto Kelly, presidente da Riotur, um camarote só com os artistas, na época todos duros ou remediados, sem acesso às poucas áreas vip da assistência do desfile das escolas. Kelly providenciou um grande camarote e um ônibus. Para a concentração, o Copacabana Palace cedeu a Pérgula, água, refri, sanduíche e cafezinho. E lá nos reunimos para partir rumo ao primeiro dos camarotes dos artistas. Sucesso absoluto. Naquele tempo, eu acumulava a “Perla Sigaud” com a coluna diária de TV de O Globo – “Por dentro da TV”, na última página do Segundo Caderno, vizinhança ótima, logo abaixo das críticas televisivas do mestre Artur da Távola.

Esse 1º camarote foi épico. Esperadíssima por Grande Otelo, a Mangueira passou triste, xôxa, plumas molhadas, riscando o chão, enquanto chovia a cântaros, Otelo deprimido bebia a cântaros, chorava a cântaros e xingava a Josephine Hélène, a cântaros, também. Ittala Nandi, sem convite, xingava, lá de baixo, a nós todos e a ditadura. A ex-sra. Antonio Pitanga, Vera Manhães, linda, também passava na Sapucaí e, pelo mesmo motivo, xingava geral. E nós sob risco de irmos parar todos no Dops, com tanta xingação, já que apenas uma divisória baixinha de madeira nos separava do Ministro do Exército de Figueiredo, Walter Pires, no camarote ao lado. Foi em 1981, o ano da bomba do Riocentro.

Foram duas décadas de apoteose e vibração para o Rio de Janeiro e, em decorrência, para as demais capitais e as cidades do interior, cujas vidas em sociedade eram regidas pelo colunismo social. Eu era a Perla Sigaud, responsável pelas páginas duplas de sábado, de O Globo, uma referência forte, uma inspiração do colunismo nacional, nos dramáticos anos 70 e 80.

Mesmo nos piores cenários, a vida me inspirava projetos e possibilidades. Havia na época um hino, “Vai passar”, que a nós todos emulava ao primeiro acorde no rádio do automóvel.

Isso foi antes, bem antes de, nos anos 90, passar a me assinar com o próprio nome, no mesmo jornal, as mesmas páginas duplas semanais, depois, a página única diária do Segundo Caderno, e a coluna diária do Jornal do Brasil, e a edição semanal do Caderno H  no JB. Sempre borbulhando aos borbotões.

A anunciada dificuldade que tenho a compartilhar com vocês se chama ‘nunca mais’. Nunca mais juventude, nunca mais inconsciência, inconsequência nunca mais. Nunca mais talento de colorir cor de rosa o que cinza está. De me equilibrar bailarina em fios tênues sobre o despenhadeiro escuro. De chorar com a alma e sorrir com a boca. Nunca mais cegueira para não ver a face horrenda da maldade, que agora se agiganta em máscaras disformes, projetando escuridão sobre nossas perspectivas de futuro. Nunca mais “Vai passar”.

Essa a causa de meu profundo entristecimento. O Brasil cinza chumbo de ontem retirou-nos o nosso presente, mas não subtraiu a esperança de um amanhã. O de hoje só nos oferece trevas, sem qualquer amanhecer. Brasil submetido à pena da obscuridade eterna, sob a opressão de religiosos fundamentalistas, que promulgam leis a seu critério e prazer, debaixo do jugo e do taco de falsos moralistas, investidos do papel de censores sem apreciar a arte, sequer conhecê-la, reprimido por movimentos que, de forma violenta, silenciam todos os canais de cordialidade, reflexão e diálogo.

Brasil dos sem memória, dos que desprezam a História, dos que prezam a tortura, enaltecem o estupro, humilham as diferenças. Brasil dos capas pretas, ‘cabeças pretas’, camisas pretas, gravatas pretas. Brasil da grande escuridão.

Representação infernal de Bosch – “O último julgamento”

A melhor gastronomia regional do Brasil, em noite única, no Rio de Janeiro

Vejam meu ar de satisfação, ao lado de meu marido e da musa da gastronomia de Manaus, a Charufe. Foi ontem, na Casa Julieta de Serpa, no lançamento do livro de receitas Mitos e Sabores do Amazonas da chef Charufe Nasser. A maior da Amazônia, a mais celebrada, elogiada, paparicada. A colônia amazonense prestigiou, e eu, carioca, porém apaixonada por tudo que signifique a pujança do Amazonas, da floresta, aos rios, ao povo à culinária, sobretudo a da Charufe, estava lá, saboreando as empadinhas de pirarucu, as hóstias de tucuman nhamnhamnahm.
E nesta quinta-feira volto à Casa Julieta de Serpa para o Grande Festival da Amazônia, em noite única, com um degustação que consistirá em delícias que irão dos peixes gloriosos como tambaqui e pirarucu, ao pato ao tucupi e jambu. Tudo trazido de lá fresquinho pela própria Charufe, temperos inclusive, preparado por ela – e sem precisar pegar o avião! Que bela oportunidade. Eu já contando os minutos, em contagem regressiva. Os experts são unânimes: a culinária mais inspiradora do Brasil é a da Norte, pois lá temos os peixes mais saborosos e os temperos mais perfumados. Charufe, me aguarde, que meu apetite é grande, e os dos convidados de nossa mesa também!

 

Brasil em queima total: Eletrobras, patrimônio de 500 bilhões, posta a venda por 20 bi

O Governo Temer está apressando a privatização da Eletrobras, a maior geradora de eletricidade da América Latina, um patrimônio de 500 bilhões a ser vendido por 20 bilhões. Ao mesmo tempo está forçando os estados de Minas Gerais e Paraná a privatizarem a Cemig e a Copel. Isto está sendo feito em alta velocidade e no maior silêncio, sem debate com a sociedade brasileira. A motivação alegada é levantar dinheiro para cobrir o rombo das contas públicas, mas corre o boato de que também os políticos querem dinheiro para a campanha eleitoral de 2018.
Para referência, informamos que, nos países mais adiantados do mundo, as hidrelétricas são estatais, para garantir o uso correto da água por todos os setores da economia. Nos Estados Unidos, além de estatais, as hidrelétricas mais estratégicas são administradas pelo Exército (US Engineering Corps). No Canadá as hidrelétricas são administradas por estatais regionais, como B C Hydro, Ontario Hydro, Hydro Quebec, e outras. Na França, toda a energia elétrica é administrada pela Électricité de France – EDF; na Suécia, pela Vattenfall AB; na Finlândia, pela Imatran Voima Oy  IVO;  na Alemanha, RWE AG, ENEL; na Itália, ENDESA; na Espanha, EDP, em Portugal e assim por diante.
No Paraná, para debater o assunto, haverá uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa, dia 10 de outubro às 9:30 da manhã, que foi precedida de uma reunião preparatória dos engenheiros no Sindicato dos Engenheiros do Paraná, ocorrida no último dia 20.
É o que informa a esta coluna o engenheiro Elcias Ferreira.

PS: Impressionante a apatia e o descaso do povo brasileiro diante da dilapidação de seu próprio patrimônio, do desmonte de seu país. Não comenta, não discute, não se envolve, como se a discussão não coubesse a ele. Se fossemos uma ditadura de tutelados, de acostumados a dizer “amém” a tudo, até se entenderia… Mas, no Brasil das polêmicas, esse silêncio sepulcral diante da venda de tudo causa-me consternação. Ontem, li que Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, declarou que o nosso Banco do Brasil está “limpinho”, pronto “para ser vendido”. E ninguém reage, ninguém se manifesta. Vamos acabar todos nus com a mão no bolso, e no bolso furado.

Mais um valor que parte: astro da reumatologia nacional vai brilhar na Filadélfia

Nessa debandada geral que caracteriza o país nos tempos atuais, o Brasil perde nomes importantes de sua comunidade científica. A última má notícia vem da área de pesquisa das doenças reumáticas e autoimunes.

O brilhante médico e pesquisador brasileiro doutor Roger Levy, professor e clínico atuante, sempre apresentando-se em congressos internacionais e nacionais, sempre empreendendo no Brasil ações mobilizadoras desinteressadas em prol de pessoas vivendo com artrite ou doenças reumáticas, levando informações atualizadas, através de palestras, fóruns, seminários, acaba de receber – e aceitar- proposta irrecusável dos Laboratórios Glaxo para se transferir para seus headquarters nos EUA, GlaxoSmithKline, na Filadélfia, onde se aprofundará nas pesquisas sobre lúpus e artrite reumatoide degenerativa, participando de permanente brainstorm científico com seus pares nos EUA, em busca de descobertas de medicamentos e tratamentos que curem e amenizem tais males.

Com o dr. Roger, muda-se também do Rio de Janeiro para a Filadélfia um dos nossos consagrados valores da arte contemporânea, seu companheiro, Gilvan Nunes, cujas obras estão nos acervos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Coleção Gilberto Chateaubriand, da Fundación Ankaria, em Madrid, da Fundación AMBA Arte, em Londres, da Fondazione Dolce&Gabbana, em Milão, da Fondation Cartier, em Paris.

O Brasil perde dois grandes valores, na área científica e nas artes plásticas. Os fieis pacientes se despedem de seu reumatologista, dr. Roger A Levy, que deixará os competentes médicos assistentes de sua clínica prosseguindo os tratamentos. Já os colecionadores da obra de Gilvan precisarão viajar aos EUA para visitar seu novo atelier – quem sabe em Manhattan, a uma hora e meia da Filadélfia? Nada mal.

Deborah Levy entre Gilvan Nunes e Roger Levy, de mudança para a Filadélfia em janeiro de 2018, tendo como fundo uma pintura de Gilvan

Morreu aos 94 anos a mulher mais rica do mundo, Liliane Bettencourt, dona da L’Oréal

Sua fortuna é de US$ 39.5 bilhões, e a elegante herdeira da gigante dos cosméticos L’Oréal, Liliane Bettencourt, era considerada a mulher mais rica do mundo. Tive o prazer de conhece-la num jantar oferecido a ela por Lily de Carvalho Marinho na casa rosa do Cosme Velho, onde os flamingos deixavam os jardins, os ambientes, a vida ainda mais rosados.

Sentamos lado a lado num dos sofás amarelo ocre de Lily. Conversamos amenidades, coisas como as impressões dela sobre o Rio de Janeiro, seu dia na cidade, seus interesses culturais. Ela respondeu amenamente, como é de costume no convívio em sociedade. Era  uma mulher sem um pingo de arrogância, que não criava qualquer tipo de dificuldade a quem se aproximasse “de sua riqueza”, ao contrário. Citada pela Forbes como a 14ª fortuna do mundo, talvez se esforçasse para que aquela aura de tanto dinheiro não a contaminasse com a afetação que as pessoas esperavam ver nela.

Segundo declaração de sua filha, Françoise Bettencourt Meyers, “partiu em paz, ontem, em sua casa de Paris”. Liliane se afastou (ou foi afastada) do Conselho da L’Oréal em 2012, depois de um diagnóstico de demência senil feito no ano anterior e de Alzheimer, desde 2006, mas seu nome se manteve nas manchetes dos jornais e revistas de gossips (sobretudo) porque pessoas que a cercavam eram acusadas de a explorarem já que ela não tinha mais condição mental.

Tudo isso resultou num rumoroso processo na Justiça, envolvendo a única filha de Liliane, um bando de mui amigos inescrupulosos, como o administrador da sua fortuna, Patrice de Maistre, acusado de dar propina aos membros do partido de Nicolas Sarkozy em sua campanha presidencial. Até Sarkozy esteve enrolado, mas as acusações contra ele caíram em 2013 por falta de provas.

Liliane Bettencourt era filha do fundador da L’Oréal, Eugene Schueller, e aos cinco anos perdeu sua mãe, Louise Madeleine Berthe. Ela começou a trabalhar na empresa aos 15, como aprendiz, colocando rótulos nas embalagens de shampoo, e ao longo dos anos cresceu nos diferentes departamentos. Em 1950, casou-se com um político francês e futuro ministro de Estado, Andre Bettencourt. Um casamento duradouro de 57 anos, que produziu uma única filha. Quando o pai morreu, em 1957, Liliane herdou a L’Oréal e o comando da empresa por mais de cinco décadas.

Com o marido e a filha, ela criou a Fundação Bettencourt Schueller, de projetos humanitários. O trabalho desenvolvido na empresa de cosméticos lhe valeu muitas críticas e um irônico Prêmio Planeta Negro, criado pela Ehecon Foundation para os que destroem o planeta.

Sua morte abre nova fase para a  L’Oréal, quarta maior companhia da França, alterando sua relação com seu acionista chave, a empresa suíça de alimentos Nestlé.

As Bettencourt possuíam 33 por cento da empresa. Com a morte de Liliane, sua filha distribuiu nota declarando que a família permanece dando pleno apoio aos dirigentes da L’Oréal e sua equipe no mundo todo, sob a presidência executiva de Jean-Paulo Agon desde 2011.

A Nestlé, que detém pouco mais de 23 por cento da L’Oréal, celebrou um acordo com a família Bettencourt, estipulando que ambas as partes não poderiam aumentar sua participação no grupo de cosmético enquanto Liliante vivesse e pelo menos até seis meses após sua morte.

A empresa suíça tem sido o principal investidor da L’Oréal desde 1974, quando Lililane Bettencourt confiou quase metade de sua participação na companhia à Nestlé, em troca de três por cento na holding da empresa suíça. Seu movimento foi motivado pelo medo de que a L’Oréal fosse nacionalizada pelos socialistas, prestes a assumirem o poder na França.

O futuro dirá o quanto foi um bom ou mau negócio essa escolha de Liliane, mas enquanto viva tudo o que ela fez a manteve no ranking da maior bilionária do Planeta Terra.

A mulher mais rica do mundo era simpática, descontraída e acessível, diferente de muitas menos ricas que conheci

 

Julgamento do herói José Dirceu entrará para a História, não a dos jornais que forram gaiola, mas a dos livros da posteridade

Gostaria de ter escrito o texto abaixo. Não fui eu. Não fui, porque não vivi aquelas situações e prisões. Porém fui vítima das mesmas pressões e de suas consequências, como tantos outros brasileiros que tiveram suas famílias dilaceradas. Por isso minha enorme admiração pelos que lutaram bravamente, correram riscos, foram ao fundo do poço, e por aqueles que emergiram vivos deste caldeirão de crueldades, mantendo intactas suas convicções, íntegros em seus princípios e na ideologia. Entre eles, incluo José Dirceu. Seu silêncio ao longo de todo o tempo desta sua prisão, altivo e leal, diz o que ele é. Compreende-se porque seus inimigos desejam se livrar dele, enquanto aqueles implicados ostensivamente em fatos que nos causam tanta aversão, permanecem impunes. E mandando. Orientando o processo.

O texto abaixo é do advogado e ex-deputado federal João Paulo Cunha. Foi postado há pouco no site www.Brasil247.com .  Hoje, 13 de setembro, o recurso de José Dirceu será julgado pelo TRF 4, em Porto Alegre.

Diferente do ex-deputado, que prevê uma condenação, eu firmemente creio que há juízes justos no Judiciário brasileiro, e espero que aí se encerre essa via sacra judicial, que mais parece pretender penalizar o passado heroico e histórico de José Dirceu do que qualquer ação que por ventura ele haja cometido no presente.

Um julgamento que vai entrar para a História. Não a história mesquinha, de breve curso, das páginas de jornal, que no dia seguinte forram gaiolas de pombos. Mas aquela dos livros, que ficam para a posteridade, frequentada por nossos heróis.

CAMARADA ZÉ DIRCEU

por João Paulo Cunha

Vivemos tempos sombrios!

Hoje, mais uma vez, você caminhará na direção de seus algozes. Provavelmente eles não olharão em seus olhos. As meninas de suas íris terão brilho e encararão a toga amarrotada de vergonha.

Eles, juízes de uma causa só, olharão de esgueiro para as câmeras de TV e disfarçadamente fecharão suas pálpebras avermelhadas pela injustiça. Mas se manterão falsamente firmes.

E você empurrará o cabelo para trás e lembrará da bandeira do Brasil, da estrela do PT e do dia primeiro de janeiro de 2003.

Você não abaixará sua cabeça!

Você será culpado por sonhar um Brasil para seu povo. Por organizar um partido que mudou a história do país e por um governo que devolveu aos trabalhadores o lugar de sujeito na história.

Você será declarado perigoso porque foi altivo, estabeleceu relações solidárias e companheiras e soube juntar gente para formar coletivo e andar por caminhos abertos pelas próprias mãos.

Escreverão com caneta vermelha que tu és um transgressor desde muito jovem. Que não respeitou a ordem, que pegou em armas e consolidou um pensamento de solidariedade entre os povos.

Será acusado de ter amizade com os sem terra, de formar dirigentes partidários, de ser companheiro dos sindicalistas e defender as mulheres os negros e a comunidade LGBT.

É causador de uma vitória espetacular chamada Lula, de construir um governo com a cara do Brasil real e implantar programas revolucionários para o momento do país.

Será incriminado por gostar da juventude e reconhecer nela o vigor das mudanças.

Camarada Zé Dirceu, és meu companheiro de muitos anos. Carregamos muitas bagagens. Brigamos, divergimos, mas o resultado foi sempre a soma. Fizemos planos, tabelamos e muita coisa deu certo.

Sofremos a solidão da cela, o desterro das ruas, a frieza de quem ficou e a amargura dos dias sem sol. Mas não desanimamos nem nos entregamos. Nos escoramos uns nos outros.

Agora assisto o seu caminhar para um julgamento já definido e não posso fazer nada. A impotência aflige todos nós. Sei das razões políticas para tal ato, mas a alma entristece em ver você pagar mais uma vez por todos nós.

Fique tranquilo, camarada: seus filhos sentirão orgulho de você!

Seus amigos e companheiros falarão de você com brio e dignidade!

É claro que ainda existem recursos para serem usados. É claro que é possível retardar o processo para fazer justiça.

Mas, consumando a condenação, sei que muita gente gostaria de dividir com você o cumprimento da sentença.

Entendo, não é possível.

Então leve nossas memórias e cultive a esperança. Ainda há tempo.

No mais, com altivez e repetindo a crença no amanhã, digo: vá em frente, camarada Zé Dirceu. Nos encontraremos onde estiver um brasileiro lutando por justiça, solidariedade e igualdade.

Leilão dos reis do gás: tradição mineira, raízes rurais paulistas, o apogeu do refinamento

Wilson e Lourdes Lemos de Moraes
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Vai a leilão, nas noites de 19, 20, 21 e 22 deste mês, o Espólio da Família Lemos de Moraes. Consiste no magnífico recheio do apartamento do Edifício Golden Gate, onde Lourdes e Wilson eram vizinhos da prima dele, Sarah (Lemos) e de Juscelino Kubitschek.
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A exposição será a partir do dia 20, das 15 às 20 horas, naquele prédio histórico da Avenida Atlântica, que reuniu a fina flor da República dos anos 40 aos 60, inclusive a filha de Assis Chateaubriand, Teresa Alkmin. Hoje, pontifica na cobertura o cirurgião plastico Carlos Fernando Gomes de Almeida, frequentemente visitado por Valentino, quando o grande nome da moda italiana vem passar férias no Rio… ou vem passar pelo seu bisturi. O organizador do leilão é o Carlos Eduardo de Castro Leal.
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Quando, há dois anos, morreu minha comadre Lourdes Lemos de Moraes, viúva de meu compadre Wilson Lemos de Moraes, brilhante empresário, que erigiu um império do gás (Supergasbrás), do gado, em imensas extensões de terra, de caminhões e máquinas pesadas, chegando a ser classificado dos maiores do país, escrevi o obituário que vocês lerão abaixo (link). Contudo, omiti no texto um aspecto de Lourdes muito particular, que apenas os frequentadores de suas múltiplas casas, no Rio de Janeiro e nas diversas fazendas, conheciam: o extremo refinamento de suas residências, o alto nível de sua qualidade de vida.
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Aquela mulher quase ingênua, que divertia os amigos com suas tiradas “do interior”, sabia ser sofisticada como poucas donas de casa que conheço e conheci.
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Tudo que Lourdes possuía em casa era bom, das dobradiças das portas às maçanetas. O piso de mármore de seu apartamento na Atlântica é um grande mosaico. As peças chinesas, únicas, preciosas. As peças brasileiras são de museu.
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Para guiá-la nessas aquisições, Lourdes teve a melhor das mestras, a decana da decoração de São Paulo, Celina Duarte Martinho, 98 anos, decoradora de Campinas, talento excepcional. Celina decorou dezenas de casas para Lourdes e, quando digo dezenas, são dezenas mesmo. As dela, as de suas múltiplas fazendas, as de seus filhos, suas noras, seus netos – decorações e redecorações, e pela vida inteira.
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Grande estudiosa de estilos e épocas, Celina também tem o dom de criar objetos e móveis, reciclando antiguidades. Assim – exemplo meu – uma linda mesa de centro pode ser uma coleção de caixas de engraxate do início do século passado, envidraçadas, e sobre elas peças nobres de prata.
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Entre as N residências de Lourdes e Wilson decoradas por Celina jamais cheguei a conhecer a da Amazônia. Tinha a forma de um pássaro, projeto de Zanine, e estava pousada em pleno Brasil profundo, numa fazenda que começava lá no Pantanal e ia se estendendo país afora. Ou adentro. Lourdes cansou-se de me convidar, mas sempre pintava o convite com tintas de Indiana Jones, contando – os olhinhos azuis piscando maliciosos – que naquela região caía um aviãozinho por dia do ano, 365. E por fim perguntava se eu tinha medo de jacarés, já que à noite eles rondavam a casa e mergulhavam na piscina. Eu respondia: “É convite pra eu ir ou pra sair correndo?”. E nunca tomei coragem. Volta e meia ela insistia. Mas não deixava de me provocar.  Ah, minha comadre!
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Lourdes com seu inseparável chapeuzinho
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Fui diversas vezes à fazenda de Campinas com Lourdes, e me diverti embarcando em sua pick-up, junto com Celina, e fazendo o “garimpo” por fazendas antigas da região, onde a decoradora encontrara coisas extraordinárias que poderiam servir às decorações de Lourdes. Extraordinárias e muito antigas. Acredito que numa dessas expedições elas tenham encontrado esses magníficos chicotes de tropeiros do leilão, peças tão raras, com cabos de prata.
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Na casa da fazenda, meu olhar se perdia atraído pela beleza dos armários, as mesas cheirando à melhor antiguidade, as louças, os cristais, as toalhas, roupas de cama, monogramas, cada detalhe. A educação e a gentileza dos empregados, a governanta, que despachava todas as manhãs com Lourdes em seu quarto, e assim ela tomava rédeas de tudo – tudo mesmo – que acontecia dentro da casa e fora dela… “rádio peão”.
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Depois, de maiô e com chapelões imensos, íamos as duas pra piscina comer tangerina pokan, porque era sempre época, e vinha o empregado do pomar com cestos e cestos – éramos insaciáveis. Êta vidão.
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Na volta, Lourdes embarcava no aeroporto em Campinas, voo regular, cheia de cestos com pokan, ovos, queijos, produtos da fazenda, toalhas de banho com dois metros, que só lá em Campinas tinha, pra abastecer as casas da filharada no Rio. E isso era uma rotina de suas vindas e idas. Era uma tropeira dos tempos modernos.
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Quem imaginaria que aquela senhora de chapeuzinho de palha, cheia de cestos e isopores, era uma das mais refinadas deste país, com requintes, em sua intimidade, que só uma grande dama de longo curso sabe ter.
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A presença da decoradora Celina Duarte Martinho  na organização dos espaços domésticos dos Lemos de Moraes lembra a de Rudy Siqueira na casa-fazendola da Gávea Pequena, com os Fontes. E assim foi sendo escrita a história das grandes famílias brasileiras, jamais dispensando a assessoria do bom gosto e do melhor talento.
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 Celina Duarte Martinho, decoradora das residências Lemos de Moraes
1. chicote de tropeiro com cabo de prata, uma raridade.
2. As esporas de prata são do Rio de Janeiro, século XIX, contrastadas, o que não é comum
3 e 4. outro chicote de chefe de tropa, em madeira com guarnições de prata. Brasil, São Paulo, século XIX. Eles são de grande raridade. As tiras de couro – os chicotes propriamente ditos – chegavam às vezes a mais de três metros de comprimento, e com a vergastada inicial o tropeiro, muitas vezes chefe de ilustre progênie, dava início à cadência das bestas que iam trazendo arrobas e arrobas dos produtos que nossa terra exportava desde tempos imemoriais.
5. A mesa de queijo mineira tem um relevo absolutamente impar.
6. par de anjos barrocos.
7 e 8. Representação da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, devoção de grande raridade.
9 – Mesa de encostar com gavetas.
10. A estante de partituras de uma lira de comunidade do interior servia aos chefes das famílias de mais destaque com alguma vocação musical se organizarem na execução de alguma ária.
https://www.castrolealleiloes.com.br/leiloes/6/catalogo?page=1
Obituário de Lourdes, neste blog em abril de  2015:
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A poesia de Chico Buarque às claras, sem voz nem melodia, com lupa, luvas, uma radiografia

No tempo em que morou em Paris, de 2007 a 2012, e serviu na Embaixada do Brasil como funcionário do Itamaraty, o pesquisador da Música Popular Brasileira Alberto Lima fez na Sorbonne sua dissertação de mestrado, que se tornou livro e agora será publicado pela Companhia Editora de Pernambuco.

Na assinatura do contrato para a publicação de sua obra Quem É Essa Mulher – A Alteridade Do Feminino na Obra Musical de Chico Buarque de Holanda, Alberto destinou seu percentual nas vendas a instituições que trabalhem pelo empoderamento feminino e no combate à violência contra a mulher em Pernambuco, seu Estado Natal, com tristes índices nesse campo. Atualmente ele mora em Brasília.

O livro de Alberto é um impacto para quem lê. Quem admira a obra de Chico não consegue interromper a leitura. Ele disseca a obra de Chico como um delicado legista das letras, com lupa, luvas, pinças, dançando e cantando enquanto escama o corpo de cada poema canção.

Fiquei muito honrada com o convite para escrever o Prefácio, que transcrevo para vocês abaixo.

PREFÁCIO – E Chico criou a Mulher

Hildegard Angel

Do entusiasmo ao encantamento. Da revelação à euforia. A leitura de Quem É Essa Mulher – A Alteridade Do Feminino Na Obra Musical de Chico Buarque de Holanda inspira um jorrar de sentimentos intensos e múltiplos, o que não seria de se esperar de um texto acadêmico, mesmo sendo ele merecedor de honrosa menção na conclusão do mestrado do autor na Université Paris III, Sorbonne Nouvelle.

Imagino que o très bien da menção concedida tenha sido com o mesmo ânimo com que agora me debruço para escrever a respeito. Inicialmente o autor Alberto Lima, cuidadosamente e por várias fontes e caminhos, nos insere nos diversos cenários que levaram a mulher até onde hoje está. Acompanhamos, no anoitecer de 13 Brumário Ano II, em seu cárcere na Conciergerie, Olympe de Gouges, precursora dos sonhos igualitários femininos, ouvir sentença de pena de morte pelo Tribunal Revolucionário e depois seguir engaiolada pelas ruas escuras de Paris até o cadafalso, onde entregou sua cabeça brilhante, corajosa, especial, à guilhotina, cumprindo ironicamente o Artigo X de sua própria Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã: “Uma mulher tem o direito de subir ao cadafalso. Ela deve, igualmente, ter o direito de subir numa tribuna”. Seus textos libertários desagradaram aos jacobinos, naquele momento dando as cartas na França revolucionária. O ruído do baque da guilhotina abafou suas últimas palavras: “Filhos da Pátria, vocês vingarão minha morte!”.

Olympe mereceu lâmina afiada porque “abandonou os cuidados do lar, quis fazer política, instituiu sociedades de mulheres”. Foi por isso chamada na sentença de “virago”, “impudente” e “mulher-homem”. Era 1793.

O autor nos leva mais longe, aos anos 300 AC, na Grécia de Aristóteles, quando “cidadão” era palavra sem feminino, a honra da mulher era um modesto silêncio e a força da mulher consistia em vencer a dificuldade de obedecer. Apresenta a mulher do Período Romano mais senhora de si, coproprietária dos bens do marido, dirigindo educação dos filhos, comandando escravos, indo às festas e ao teatro, alegria que durou pouco, até a reação masculina, com a criação de uma lei em que a mulher passou a ser disposta como um bem pelo marido e o pai, e o Estado a privá-la de quase toda a capacidade civil.

A popularização da Bíblia, com a invenção de Guttenberg, trata de jogar por terra qualquer bom conceito que se pudesse ter sobre a mulher, essa melíflua, que induz Adão a comer o fruto proibido. Com isso, Eva tem como castigo as dores do parto e a sina de sempre desejar o marido e ser dominada por ele por todos os tempos. E segue a mulher eternamente maldita, até nos vocábulos que exprimem sua fisiologia, com os franceses chamando gravidez, parto, aleitamento e menopausa de malédiction.

Com a Inquisição, bruxas são as mulheres, personificação de Satanás. Período de trevas em que mulheres sequer tinham instrução, e só em 1592, enfim, fiat lux, abre-se nesga clara para elas, com o registro da primeira aparição num palco de uma mulher. No Renascimento, nasce a mulher influente na Corte francesa, para incômodo de Montesquieu expresso em palavras. No século 17, a ascensão da burguesia revela mulheres na literatura. Vem a Revolução Industrial e o uso da força masculina perde lugar para a máquina, sendo requisitada também a habilidade manual feminina. As mulheres são submetidas à opressão daquele capitalismo emergente, trabalhando em locais insalubres, sem hora para começar, terminar ou descansar, subnutridas, sub-remuneradas, em condições de miserabilidade e ainda com casa e filhos para cuidar. Essa panela cheia de revoltas e reivindicações negadas alcança o ponto de fervura máxima em 1857, num 8 de março, quando 129 operárias são carbonizadas dentro de fábrica em Nova York, retaliação dos patrões e da polícia contra uma greve delas. Data jamais esquecida, é o Dia Internacional da Mulher, motivador de infindáveis ações e movimentos pelos direitos das mulheres, desde sempre e para sempre.

Bem, vieram as conquistas, ralas, mas reais. Vieram as sufragistas, veio o voto, veio Simone de Beauvoir, num alvorecer de ideias, sacolejando as mentes femininas em despertar luminoso. Veio o conceito de gênero construído por mulheres, uma antropóloga e uma historiadora, e, nos anos 90, detonado por outra mulher, filósofa – todas elas ilustres. Reanálises, reavaliações, re-opiniões, entre barrancos e trancos, a mulher desembarca no século XXI ainda por se resolver, por se situar, por se fazer perdoada pelos estigmas que milenarmente lhe pesam, de leviana, infiel, mistificadora, traiçoeira, interesseira, devassa, pecadora, insubordinada, inconfiável, desde Eva, desde Aristóteles, desde a Inquisição, desde Montesquieu, desde os Jacobinos, desde as sufragistas – a mulher permanece a Deus dará.

E onde entra nisso tudo o Chico? É aquele que não se basta a cumprir, junto à sociedade, seu papel de artista difusor de valores. Vai muito além. Assim como seu personagem em Teresinha, chegou sorrateiro, avassalador e, antes que percebêssemos, instalou-se, posseiro, em nossas mentes, vidas, reuniões, fossas (ele é desse tempo), retomadas, decisões. Reinventou-nos mulheres. Ligou a luz. Alimentou a fogueira. Acendeu o lampião. Acalentou fantasias, despertou tesões, aliviou tensões. Compôs 190 canções poemas tendo a mulher como inspiração. Foi menino filho da gente, frágil como nós, outrou-se em nós (e aprendi que outrar é invenção de Pessoa, o Único), e nós nos outramos nele.

Também outra-se Alberto Lima. O escritor se outra em Chico Buarque de Holanda e nas mulheres brasileiras, que, a partir dessa obra, têm a oportunidade de se verem inteiras, pelos olhos verdes do Chico, pelos olhos da perversidade dos conquistadores salteadores, que se apossaram do Brasil, pelos ingênuos olhos das índias, possuídas e violentadas, pelos olhos tristes das africanas, sacrificadas, coisificadas, pelo olhar mortiço das brancas despersonalizadas.

Conhecer as mulheres de Chico através da visão analítica de Alberto é redescobri-las. Despidas de sua melodia, nuas da voz do artista e das vozes de outros artistas, elas nos aparecem em sua inteireza, com seus petits signes de beauté mais recônditos, as estrias mais discretas, os pneuzinhos indisfarçáveis. Tudo à mostra. Perfeições e imperfeições. Ler este livro é sair dele certa de que separar o artista da obra é uma tremenda tolice.

O livro de Alberto Lima não deverá esquentar prateleira.

E minha alma lavada por perceber que, entre esses 190, há dois poemas canções in memoriam de Zuzu Angel, que se outrou mãe de todas as outras, não só de mim.

O escritor Alberto Lima disseca Chico Buarque com lupa, luvas e delicadeza

Era uma vez… no Alto da Boa Vista, casamento, padre Jorjão e a Família Imperial Brasileira

Legitimidade é uma palavrinha mágica, sinônimo de elegância. O artificialismo, a presunção, o fake, definitivamente, têm odor de breguice. Mesmo que seja um leve aroma jeca, mas têm. Daí que o natural, o real, a verdade logo provocam encantamento. Como foi a impressão à chegada na casa dos Godinho, no Alto da Boa Vista, onde se casou a princesa Maria Thereza de Orléans e Bragança. Sua mãe, Cláudia de Orléans e Bragança, decorou a varanda da entrada com peças originais da residência, móveis rústicos, outros coloniais, cestos de vime, grades e lustres antigos, arranjos de flores naturais e secas, numa combinação de épocas e estilos, misturando histórias da casa, da família, inspirando tradição real, momentos com sentimento impregnados naquele cenário.

Atravessamos os salões da casa até o jardim atrás, onde foi montada a capela. Padre Jorjão oficiou, em tarde com sua veia poética motivada. Na verdade, uma bênção nupcial, já que o casamento religioso foi íntimo, dias antes, no Outeiro da Glória, com a presença de poucos da família. Porém, era sonho de sempre da noiva a cerimônia naquela floresta doméstica. Embarcamos juntos nessa fantasia e para nós era como se por trás de cada árvore espiasse uma ninfa, um elfo. Maria Thereza, nascida e criada ali, naquele pedaço exuberante da Floresta da Tijuca, engendrou e organizou cada detalhe, com a ajuda da mãe. A irmã gêmea idêntica, Maria Eleonora, veio de Londres para ser madrinha e causou sensação entrando acompanhada de Klaus Theodore pela coleira, o cão mascote da família.

O noivo, Guilherme Zanker, estudou no Teresiano. Lá estavam todos os antigos amigos dele da escola, já casados, alguns com os filhos. Só faltava Guilherme a capitular. O que começou a acontecer quando ele conheceu Maria Thereza, na Toscana, justamente no casamento de um desses amigos, contou em seu sermão o padre Jorjão, que por sinal também oficiou o tal casamento na Itália.

E os grupos assim se dividiam pelas mesas redondas dos salões: os amigos dele, uma alegre e enorme família, os familiares de ambos, toda a Família Imperial Brasileira, as amigas dela desde a infância  – e muitas, madrinhas, entraram sozinhas no cortejo, já que o número de mulheres superava o dos padrinhos, e esse lance de ter que fazer tudo certinho, par a par, casal a casal, já foi, é passado, importa é todos ficarem felizes.

Felicidade excedia. No grande salão envidraçado, nomes coroados em todas as direções. Eram empresários bem sucedidos, grandes famílias, mulheres empreendedoras, homens idem. E no salão disco gente jovem e definitivamente linda evoluindo sem régua e sem trégua. .

Assim foi, tal e qual, a história do casamento dessa princesa brasileira, Maria Thereza, com seu encantado Guilherme, sem por nem tirar, sem tirar nem por e, quem tiver mais a contar, que conte outra, porque essa eu já contei. Afinal, Era uma vez…   

Olhos nos olhos…

Na exuberância da Floresta da Tijuca, o altar nos jardins da casa do Alto

Princesa Maria Eleonora e Klaus Theodore

Klaus Theodore, o cão com pose e nome de nobre

Bolo enfeitado com guirlanda de flores nas cores da decoração da festa

Cláudia de Orléans e Bragança com as três filhas marias princesas, Maria Eleonora, Maria Thereza e Maria Elizabeth


Ensaio com delicadeza

Havia mesas também ao ar livre.

 

As fadas e os elfos da Floresta da Tijuca observavam aquele sonho de uma noite de inverno…

 

Claudia Orléans e Bragança, que é Godinho de solteira, com as amigas Bia Costa e Silva, Juju Müller, Renata Cardim, Luiza Prettyman (o pai da noiva, Francisco de Orléans e Bragança, ao lado), Lilah Moreira de Souza e Lidô Machado

Pablo Trindade de Souza, Maria Elizabeth, Carol Ribeiro e Augusto Fellipi

O vestido da noiva provocou exclamações. Elegante, despojado, bem feito e, além disso, espetacular. É do Atelier White Hall, de São Paulo. Criação de Nana Martinez.

Isabel, Olivia e Sofia

Elizabeth de Orléans e Bragança, príncipe Alexander Stolberg & Stolberg, Ana Gabriela Godinho Ribeiro

Princesas Cristine e Graça de Orléans e Bragança

Com o pai, dom Francisco de Orléans e Bragança

A princesa Cláudia de Orléans e Bragança com a neta, Maria Isabel

As tias da noiva: Tuti, Isabel e Cristine de Orléans e Bragança

Carol Neuman e Augusto Godinho Ribeiro, padrinhos

Padre Jorjão dá a bênção aos noivos. O casamento de fato foi dias antes, só as famílias, no Outeiro da Glória, como é tradição da Família Imperial Brasileira.

THE END

Bailarino volta a dançar após o tratamento com as células tronco

Sabem por que mantenho este blog? Para manter vivo o contato com vocês e poder compartilhar coisas boas como a pesquisa médica desenvolvida com sucesso pelo dr. Carlos Henrique Bittencourt, no campo das células tronco, e que tem feito bem a tanta gente. Inclusive já fez a mim. Agora aí vai mais um caso médico de sucesso do dr. Bittencourt:

Bailarino volta a daçar…

http://www.mundomulher.com.br/?pg=17&sec=18&sub=88&idtexto=12126&keys=Bailarino+volta+a+dancar+apos+terapia+celular

Ce nouveau traitement pourrait permettre de soigner l'arthrose du genou

Publicado por Explore Science em Quinta-feira, 20 de julho de 2017