Berta Loran: 90 anos de uma estrela de fato e de direito

Na data de seu 90º aniversário, a atriz Berta Loran lotou o Oi Casa Grande no Leblon, com multidão de amigos e fãs para o lançamento de seu livro biográfico, “Berta Loran: 90 Anos de Humor”, autoria de João Luiz Azevedo.

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João Luiz Avevedo, o autor, a atriz Bia Nunnes e Berta Loran

Nem o temporal que caía sobre a cidade diminuiu o brilho da festa em que a comediante e João Luiz, além de autor do livro, produtor do evento, receberam atores, diretores, produtores, jornalistas, familiares e fãs – todos lá. A primeira a chegar foi Fernanda Montenegro, abraçada e beijada por Berta, que, emocionada, agradeceu muuuito a presença.

Em seguida, a equipe do “Fantástico” prestou homenagem à atriz, levando Vilma Nascimento – que tempos atrás participou do programa ao lado de Berta e Elke Maravilha.

A partir daí, Berta Loran recebeu o carinho de muita gente boa. Eram Castrinho, Marina Miranda, Rogéria, Jane Di Castro, Bemvindo Sequeira, Fernando Reski, Roberto Frota, Marco Miranda, Jayme Periard, Moacyr Veiga, Iran Lima, Bia Nunnes, Terezinha Elisa, Sergio Fonta, Cida Moraes, Gina Teixeira, Leda Lucia,  Camille K,  Leiloca, a cantora Ellen de Lima, o compositor das marchinhas de carnaval João Roberto Kelly, Isabelita dos Patins, o jornalista e escritor Rodrigo Faour, o radialista Amaury Santos, o jornalista Luiz Carlos Lourenço, o cenógrafo e figurinista Colmar Diniz, os críticos teatrais Rodrigo Monteiro e Marcelo Aouila, entre muitos outros cujas carreiras se cruzam com a história artística de La Loran.

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Fernanda Montenegro, a primeira a chegar

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A cantora Ellen de Lima

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João Roberto Kelly entrevistado

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Vilma Nascimento, amiga dos tempos do Fantástico

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Castrinho, companheiro de muitos programas de humor

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João Luiz e Berta, autografando para Marina Miranda

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Com o jornalista Luis Carlos Lourenço

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Jaime Periard

Tanta gente que ficaram na fila imensa do lado de fora, sem conseguir entrar, Heloisa Périssé, Liane Maya, o radialista Ricardo Campello , o jornalista Jorge Rodrigues e uma pequena multidão.

Depois de mais de duas horas autografando, Berta foi levada para a plateia do teatro onde assistiu, ao lado de José Luiz, a um vídeo a seu respeito, com depoimentos de Boni, Mauricio Sherman, Claudia Raia, Fernandona e Fernandinha, Paulo Silvino, Ari Toledo, Cininha de Paula, Bibi Ferreira, Luis Gustavo, Elke Maravilha, Ney Latorraca, Cauã Reymond, Marina Miranda, Edson Celulare, Arlete Salles, Claudia Jimenez, Débora Bloch, Jô Soares, Lucio Mauro, Marcius Melhem, Murilo Benicio, Nelson Freitas, Tereza Rachel, Tom Cavalcante e mais e mais.

A homenagem prosseguiu no palco, em show apresentado pelo entertainer Fernando Reski. Clarita Paskim, sobrinha de Berta, cantou “The Way we Were” e o clássico idiche  “A Bissele Mazl”, acompanhada do tecladista Haroldo Goldfarb. O ator-cantor Adren Alves, ao som do violonista Lucas Notaro, interpretou o clássico “Folhetim” de Chico Buarque. A performer Jane Di Castro, com o  sax de Sergio Alvarez e o violão de Lucio Mariano brilhou com “La Vie en Rose”, “Wonderful World” e “I Will Survive”. Hélcio Hime lembrou Sinatra, cantando “My Way” e “New York New York”. A elegantérrima Rogéria encerrou a sequencia musical com clássicos de Cole Porter. O publico delirou.

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Bemvindo Sequeira arrancou gargalhadas, e Berta subiu ao palco para provocar

Coube a Bemvindo Sequeira o ‘momento comédia’, arrancando muitas gargalhadas, durante quase 10 minutos de piadas e causos, aquecendo a plateia para o grand finale, em que Berta Loran declamou o poema “Ser atriz”. Aplausos apoteóticos no teatro super lotado. Esta sim foi uma festa-homenagem de 90 anos à altura de uma estrela de fato e de direito. Nesta terça, a festa se repetiu no Teatro Municipal de Niterói.

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Jane Di Castro, a performer encheu o palco com sua lourice

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Helcio Hime interpretou Sinatra

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Adren

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Fernando Reski

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Rogéria em dois tempos de sua elegância

Fotos Sanny Soares, Luiz Alberto e Daniel Marques 

 

bl capa do livro BL 90 Anos

Para quem não leu e para quem não assistiu, aqui vão alguns dos depoimentos, como aperitivo do livro e do vídeo…

“Dona de uma capacidade histriônica invejável, ela dançava, cantava e representava com um desembaraço incrível.” (ARI FONTOURA)

“Ela é uma das maiores comediantes do Brasil e foi um prazer trabalhar com ela, na “Escolinha do Professor Raimundo” e no filme que dirigi, “O Fantasma de Canterville”. (ANTONIO PEDRO)

“Berta Loran é sem dúvida uma mulher dos palcos, como se costuma dizer, nasceu pra isso!  É uma grande comediante, que canta, dança… E sozinha num palco é capaz de entreter o público, como se estivesse na sala da sua própria casa. E nós sabemos que isto não é fácil…   Brilha no cinema, na televisão, e claro nos palcos.   Aos 90 anos ela está aí brilhando, produtiva!   E como diz o nosso Miguel Falabella: “Artista não tem idade, tem encanto”. Então vamos esquecer idade porque a nossa Berta continua nos encantando.”  (ARLETE SALLES)

“Além de uma atriz em todos os sentidos, uma criatura extraordinária em simpatia e alegria!” (BARBARA HELIODORA)

“Feliz daquele que passa pela vida tendo tido no máximo um amigo. A Berta Loran é uma amiga. Sempre foi, sempre será. Eu gosto da Berta, e mais do que gostar é admirar a pessoa! Como eu admiro aquela figura no palco, na cena. É uma pessoa maravilhosa. Tem uma dicção perfeita, fala bem, anda bem, se comunica bem. É uma grande artista.” (BIBI FERREIRA)

“Berta Loran, para mim, é uma mistura de Lucille Ball com Fanny Brice, as maiores comediantes americanas” (CHARLES MOELLER)

“Berta Loran é um exemplo de talento e vitalidade para o mundo. Aos 90 anos está lúcida, trabalhando, alegre e alegrando. Vivendo e convivendo. Não pode desistir – pelo menos nos próximos 90 anos!” (CIDINHA CAMPOS)

“Ela sempre foi uma pessoa muito reservada, muito calada, muito disciplinada. A Berta nunca chegou nas gravações com o texto na mão, nem com dúvidas. Ela nunca errou um texto, uma linha, nada… Muito pelo contrário, às vezes até ajudava os outros colegas que tinham dificuldade em decorar.” (CININHA DE PAULA)

“Berta foi minha professora na vida e no palco. Amo você, minha querida!” (CLAUDIA JIMENEZ)

“Berta Loran, linda, maravilhosa, parabéns pelo seus 90 anos, que vida maravilhosa você teve. Quanto você nos presenteou com o seu talento, com seu tempo de comedia. Quando comecei no “Viva o Gordo” e você era uma das atrizes principais do programa, era uma comediante espetacular, eu achava tanta graça em você e eu grudava em você que nem sombra. Eu queria aprender com você. Onde tinha direção Berta Loran ou Berta Loran como atriz, eu ia atrás de você. O que eu sei de comedia eu aprendi com você, então eu te agradeço demais, te parabenizo nesses seus 90 anos, nessa data tão linda, tão importante para toda classe artística. Beijo te amamos, Berta!” (CLAUDIA RAIA)

“Berta faz parte de uma geração de atores para quem basta um palco e o público para que o espetáculo aconteça. Geração que dança, canta, sapateia, conta piadas e o público se esbalda. Berta é cheia de histórias, de piadas, de espetáculos. Berta é cheia de vida!” (DEBORA BLOCH)

“Berta é uma atriz completa, que transita entre a comédia e o drama com o mesmo talento. Uma profissional muito dedicada e disciplinada e uma pessoa gentil e carinhosa.” (DUCA RACHID)

“Berta Loran é um verdadeiro fenômeno na história do showbiz nacional… atravessou o seu tempo e chega aos 90 anos com alegria, disciplina e amor ao ofício.  Uma atriz múltipla, que engrandece o cenário do entretenimento no Brasil.” (EDSON CELULARI)

“Você faz parte da nossa vida, faz parte do nosso riso, faz parte da nossa profissão. É tão bonita a sua força.  Eu conheço você há muitos e você sempre foi uma mulher muito estruturada, muito elegante, muito cuidada. Vamos aplaudi-la, abraça-la e beijá-la! (FERNANDA MONTENEGRO)

“Gênia absoluta, Berta Loran!” (FERNANDA TORRES)

“Tenho o maior orgulho de ter conhecido, convivido e contracenado com a Berta Loran! Fiquei impressionada com seu tempo cômico, com a tranquilidade com que desenrola a piada, como se ela tivesse vivido aquilo.” (HELOISA PERISSE).

“Atriz extraordinária, companheira vibrante e corajosa. Insuperável em cena como presença. Parabéns, Berta. É para mim um orgulho poder chamá-la de colega”. (JÔ SOARES)

“Quem se acostumou com a imagem de Berta Loran associada ás gargalhadas e ao humor nem desconfia da guerreira que ela é. Mulher forte, criada com a força e com a fibra da sua família de imigrantes judeus. Berta é uma vencedora, que fez da luta pela sobrevivência a base da sua vida e não deixou o rancor dominar sua história. Uma história que passa pela guerra, pelo extermínio nazista, pela Praça Tiradentes, pela moradia apertada, pela falta de dinheiro mas nunca pela falta de amor. É esta grande  atriz,  comediante perfeita, que sabe nos fazer rir ,que nos encanta nos palcos e nas telas há  mais de 60 anos que eu sempre tive enorme prazer em entrevistar e ouvir suas histórias da vida e da arte. Parabéns Berta Loran! Parabéns pela sua vida e pela sua arte! Meus respeitos e minha admiração! (LEDA NAGLE)

“Berta representa a Classe A dos humoristas e serve de exemplo para os novos atores. Ela faz tudo com perfeição, não deixa faltar nada em seus personagens.  Espero que ela ainda tenha muita saúde e continue dando aula de como se faz humor no Brasil”. (LUCIO MAURO)

“Eu trabalhei com as maiores atrizes desse pais, mas me faltava uma estrela de primeira grandeza que eu amo, porque é um talento inigualável… Faltava a Berta Loran. Não falta mais!” (LUIS GUSTAVO)

“Sua inteligência, seu talento, o que ela representa na história do humor, sempre me despertou a mais profunda admiração. Berta Loran merece todos os aplausos, todas as homenagens e todo o carinho por sua linda e marcante presença no humor nacional. Te amo, Berta”. (MARCIUS MELHEM)

“Berta Loran não tem 90 anos; tem 19! Ela é exemplo para todos nós, atores. O sorriso é sempre melhor que a tristeza, e é isso que ela transmite: Alegria. Alegria de viver!” (MILTON GONÇALVES)

“As tiradas certeiras, uma visão bem humorada de encarar as questões do mundo, sempre com uma análise em cima do lance. Aprendi com ela que os humoristas têm sempre uma opinião diferenciada do mundo. E isso é fundamental”. (MURILO BENICIO)

“Com seu nome escrito em letras garrafais na história e na memória da cultura brasileira, Berta colocou seu talento à  disposição de inúmeras personagens ao longo da carreira, encantando gerações com seu humor peculiar e perspicaz”. (NELSON FREITAS)

“Eu amo você. Você é um luxo! A Berta Loran é dona de uma escola, de uma maneira de representar que só ela tem! O tempo, o timing! Ela tem uma qualidade de uma atriz que eu acho impressionante, que além do talento que é muito importante, ela é generosa!” (NEY LATORRACA)

“Berta é uma atriz excepcional, daquelas esculpidas para se tornarem divas! Trabalhar com a Berta é sempre um grande prazer, pois seu talento, seu carisma e seu humor contagiante sempre fizeram e fazem aflorar o melhor de todos que estão ao seu lado”. (RENATO ARAGÃO)

“Berta Loran foi um marco para nossa geração. Transitou nos mais variados gêneros do humor, na dramaturgia das novelas e no humor rasgado da “Escolinha…”, ela sempre me fez sorrir. Um rosto expressivo de quem não precisa fazer esforço para a comédia, talento de poucos.  Em nome de muitos brasileiros e em nome da comédia, agradeço sua entrega e seu humor preciso, em todos os personagens aos quais deu vida”. (RODRIGO SANT’ANNA)

“Ela é uma das melhores comediantes do Brasil. Além de se apresentar falando português, também canta e conta piadas em ídiche, a língua de judeus. Penso que a Rede Globo poderia aproveitá-la melhor, ela é comediante para ter um programa inteiro.  É uma pessoa que não deixa nada para amanhã. Com ela, é sempre para Hoje”. (TEREZA RACHEL)

“Sempre fui fã da atriz Berta Loran! Sempre vi Berta como uma figura exemplar. Uma atriz talentosíssima, que sabe fazer humor como ninguém, mas, acima de tudo, o que salta aos olhos de todos nós é o brilho, o vigor, a energia que ela traz consigo e que exala. Essa força é que faz a diferença para uma artista, que transforma talento em carisma”. (THELMA GUEDES)

“Berta Loran: a dama da TV e do teatro. Uma honra conhecer e desfrutar da amizade de uma das dez mais importantes profissionais da cena artística nacional. Mulher inteligente e generosa com quem convivi durante nossas atuações na “Escolinha…”. Suas interpretações impecáveis tocam a alma e nos faz acreditar que seus personagens são de verdade. Vida longa a uma trajetória de brilho e talento. Viva Berta, na sua plenitude”. (TOM CAVALCANTE)

O Brasil das ruas não é feito só de desmiolados do golpe, há também os corajosos meninos Vítors

Em 1954, a bala atravessou o algodão do pijama de Getúlio, cravando-lhe o peito. E o povo foi pra rua, cobrindo o chão com gritos, molhando o ar com lágrimas. Em 1968, a vítima foi o jovem estudante do Calabouço. E os estudantes fomos pra Cinelândia, desnorteados na estranheza, com o caixão de Edson Luiz cruzando sobre nossas cabeças e forçando as portas do inferno, que ali iniciaria um novo ato, o da reação, das torturas, desaparecimentos sem rastro, dos longos silêncios, gritos parados no ar.

Em 2016, não, não teremos cadáveres, a História há de nos trazer a sabedoria vista no episódio do menino Vítor, quando quem tem que proteger cumpriu a correta missão, em vez de espancar.

Adolescente, 17 anos, uniforme de colégio, meia soquete, mochila nas costas, Vítor não se intimidou, diante dos celerados do impeachment, que se lançaram contra ele ao ouvi-lo bradar sua voz imberbe: “Não vai ter golpe!”.

Foi acossado pelos hooligans truculentos, tentando espancá-lo, aos palavrões, ofensas, fdaps, bicha e outras baixarias. Mas não perdeu a postura e a compostura, cara corajoso. Espremido contra o muro, foi salvo pelos PMs, que o escoltaram até local seguro. Durante todo o trajeto, mesmo sob a perseguição de brutamontes que poderiam ser seus avós, pais, tios, o menino manteve o enfrentamento. Alento.

O Brasil não é feito só dos desmiolados, fascistas e descerebrados que vemos, agora, bailar e cantar nas ruas, saudando as trevas que se aproximam. Há também os meninos Vítors.

https://www.facebook.com/politicanoface2/videos/551219141713093/

 

 

Em noite de tempestade shakespeareana, com raios de Spielberg, Danemberg celebra com elegância e requinte

Quantas vezes eu e outros colunistas escrevemos “nem a chuva conseguiu impedir o sucesso do jantar” ou frase parecida, praticamente um lugar comum quando uma reportagem social descreve um evento em tempo de chuva…

Mas, na noite de sábado, a tempestade estava bem distante de ser um lugar comum. Raios de dar inveja a efeito especial do Spielberg. Na Praia de Copacabana, o calçadão virou mar, o mar virou calçadão. As garagens dos prédios se transformaram em piscinas, e os carros boiavam como barcos e pedalinhos, o que, infelizmente, não eram, pois morriam afogados a cada tentativa de fazer girar o motor.

Ninguém entrava, ninguém saía. Para partir de casa, só se Noé perdesse o rumo de sua Arca e passasse na porta. Táxis, nem por obra de São José, um dos três aniversariantes da data.

Eu, com dois compromissos de aniversários imperdíveis na agenda: os 60 anos do amigo antiquário Arnaldo Danemberg, com jantar sentado na Library do Copa, e os 70 do cavalheiro Luiz Carlos Ritter, em grande celebração nos salões da Av. Copacabana, do mesmo hotel.

Com duas horas de atraso, depois de uma vigília na portaria do prédio, esperando a água escoar pelos bueiros, conseguimos retirar o carro da garagem e partir para o Copa. Encontramos parte dos convidados – porém ainda nem todos –  tomando seus drinks na Library acolhedora, o que alguns já faziam desde às 20h30m.

Quem me acompanha aqui sabe que tudo que Danemberg faz traz a marca de sua elegância singular, em que mescla o bom gosto aos valores familiares e de amizade. Por ofício ligado ao universo estético, Arnaldo vai além dos simples prazeres da aparência do olhar. Ele se relaciona em profundidade com o que pratica. No seu trabalho, é notável pesquisador, conhecedor de estilos, épocas, materiais. Um mestre. Nas relações humanas, a mesma coisa. Não fica na superfície. Seleciona, cultiva, interage. Seu elenco de amizades é sólido, numeroso e de longa data. Seu tratamento é sempre respeitoso. Os que com ele trabalham se tornam amigos, e isso é tiro e queda. A família Danemberg reflete felicidade. Ele, Katia, os filhos, agora a neta. Lá estavam. Serenos, carinhosos.

Dominando uma parede da Library, o austero retrato do avô de Arnaldo, antigo general manager do Copacabana Palace! O refinamento vem de muito longe…

No tempo de vovô Danemberg, a Library não era a Library, era a portaria do Anexo, com entrada pela Avenida Copacabana. E aquela porta giratória, hoje interditada, rodopiava sem parar, em movimento constante, dando passagem aos hóspedes célebres, que assim evitavam o frisson da entrada principal pela praia.

Nas amplas suítes do Anexo, hospedavam-se famílias inteiras, muitas vindas de outros estados brasileiros, homens de negócio com perfil de grande sobriedade, e também havia os que ali faziam do hotel sua residência permanente.

Naquela noite, a Library ganhou novo toque de requinte by AD – iniciais de Arnaldo, as mesmas da revista de decoração mais famosa do mundo, Architectural Digest – e o monograma vinha nos cardápios diante dos comensais e na glace do bolo de dona Regina Rodrigues.

O mobiliário do antiquário AD é qualquer coisa. Só ele tem aquelas estantes e mesas e cadeiras e cômodas e arcas inglesas, francesas, brasileiras, portuguesas, únicas, preciosas, em madeiras recuperadas em sua antiguidade, polidas, lustradas, tratadas de tal maneira carinhosa que só faltam exalar o perfume de seu passado e suas histórias.

A ambientação de Lu Kreimer nos premiou com toques de charme, como a coleção de vasos leitosos brancos de Baccarat, florindo todo o centro da longa mesa principal, e os  abajures acesos no interior da vitrine envidraçada – que sacada chic!  A decoração da Library do Copa tem curadoria e acervo do antiquário de Arnaldo, que fica na galeria do Edifício Chopin.

Eram 40 convidados divididos em quatro mesas, presididas por Arnaldo, sua mulher, Katia, e os filhos, Paloma e André. De fato, não foram 40, pois faltaram dois casais, daqueles absolutamente ilhados em casa, naquela noite em fúria shakespeareana: Ricardo e Patrícia Mayer, Chicô Gouvêa e Paulo Reis.

ad 60 Os príncipes Antônio e Christine de Orleans e Bragança com Arnaldo Danemberg

Os príncipes dom Antonio e dona Christina de Orléans e Bragança com Arnaldo Danemberg. A princesa passou grande tempo da noite conversando com o cônsul-geral da Bélgica, sentado ao seu lado.

ad 60 Carolina Castello Branco, Dado Castello Branco, Arnaldo Danemberg e Katia Danemberg

O casal Carolina e Dado Castello Branco,de São Paulo, e os Danemberg

ad 60 Raphael Costa Bastos

A revelação da última Casa Cor, que assinou um dos ambientes mais harmoniosos e elegantes, o arquiteto Raphael Costa Bastos, e que eu tive grande prazer e encantamento em visitar. O espaço homenageava os 30 anos de antiquariato de Arnaldo Danemberg.

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Julia Abreu e Brice Roquefeuil

ad 60 Marco Antonio Rezende, Kathia Pompeu e Arnaldo Danemberg

Marco Antonio Rezende, Kathia Pompeu e o anfitrião

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Pedro Ariel e Katia Danemberg, bela mulher

ad 60 DSC_0010Menu do chef Francesco Di Carli, ah que delícia que foi! Vitela “tonnato” clássico com ovo mole e ponta de aspargos *** Risotto de peras carameladas e queijo taleggio *** Carré de cordeiro em crosta de pistache com batata gratin *** Folhado morno de morango com sorvete de baunilha. Não vou dar marcas de vinhos, uísque. Eram excelentes. E o serviço, com os garçons atenciosos, impecáveis, melhor ainda, se é que isso é possível.

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Luiz Fernando Texeira, Lelena Texeira, recebidos pelo aniversariante

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As madeiras do antiquário de Danemberg são tratadas com afeto

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Katia Danemberg e a filha, Rafaela, que naquele dia segurou pela primeira vez a mamadeira, presente pro vovô

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AD, um nome que também é marca

ad 60 Laís Gouthier e Arnaldo Danemberg

Arnaldo com a embaixatriz Laís Gouthier, que, em conversa com a princesa Christine de Ligne, que é belga, lembrou o tempo em que ela e o embaixador Hugo Gouthier adquiriram para o Brasil o palacete que se transformou em nossa embaixada na Bélgica, em 1958, ano da Grande Exposição Internacional naquele país.

Na ocasião, os Gouthier deram um jantar sentado de lugares marcados para 300 pessoas, e mais 200 chegavam depois para a festa. Eis que Lourdes Catão adentra linda, vestindo a moda da época, um vestido trapézio! E o espirituoso Guilherme da Silveira lascou essa: “Lourdes um dia ainda vai cair do trapézio”.

Silveirinha podia ser bom piadista, mas não como vidente. Lourdes até hoje se mantém bela bailarina, muito bem equilibrada em sua sapatilha de ponta, arrancando aplausos do selim do cavalinho emplumado, nos palcos da alta sociedade.

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O portrait do avô de Danemberg, um óleo, cercado pelas fotos da família de Arnaldo.

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Patrícia Qüentel veio do Humaitá e foi das últimas a conseguir chegar. Mas foi, viva!

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Geraldo Nóbrega e André Danemberg

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Que mesa linda! E com essa madeira precisa toalha?

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Os irmãos André e Paloma Danemberg

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O móvel não tinha luz em seu interior, mas Lou Kreimer colocou abat-jours iluminados dentro da vitrine da Sociedade Marítima de Beneficência e deu uma vida extraordinária ao set. Sobre ela, grandes baús de carvalho. Vasos e solifleus brancos leitosos de Baccarat floriam de branco também o centro da mesa.

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Esqueci de tirar óculos para a foto… outra vez!

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Dado Castello Branco na hora avisou: “É pra cortar o bolo de baixo pra cima”. Costume paulista pra dar sorte. Deu o maior trabalho, mas Arnaldo fez. SP sabe das coisas.

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O jantar estava tão delicioso que até autógrafos pediram que Arnaldo desse no cardápio.

Fotos LUCAS MORAES

***

No mais, abaixo, a bolsa COCO, usada por Paula Nabuco, era perfeita para aquela noite: uma obra prima de marcenaria, criação de Rocio Olbes, esculpida em madeira de acácia, formando círculo vazado em pé, toda boleada e laqueada, com forro de camurça. A marca escocesa nasceu com a proposta de trazer de volta à moda o conceito de obras de arte. E pelo que vi na bolsa de Paula, ela consegue.

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***

Quanto à festa do Luiz Carlos Ritter, era tão tarde, quando terminou o jantar ma-ra-vi-lho-so, naquela longa noite molhada de verão, que morri de vergonha de chegar àquela hora para uma recepção marcada para as oito e meia da noite. E eu soube que tudo estava tão agradável e bonito! Bem, o convite creme e azul marinho com cerimonial Stambowsky já prometia. Não deixarei de falar a respeito. Vou ligar para os amigos…

 

 

Resposta a uma leitora

“Hilde, minha querida, com tantas imagens lindas a favor do Brasil neste domingo, com manifestações pacíficas em todos os estados e no DF, você foi escolher justamente estas duas??? Oi??? Mas entendo… Afinal, foi um domingo difícil para você e toda a turma do “pão com mortadela” que insiste em defender uma facção criminosa que está indo para o ralo. Entenda: os brasileiros não aguentam mais esses corruPTos!!! Acabou!!! O Brasil acordou!!!!”

Em resposta a Maria Luiza Andrade

Maria Luiza, também infeliz a imagem “pão com mortadela” usada por você, porque ridiculariza o alimento daqueles que, sem ter como pagar presunto, comem mortadela. Ocorre, Maria Luiza, que nossa sociedade está tão acostumada ao preconceito, que nem percebe ao praticá-lo. No RJ, fiquei chocada com os termos chulos do carro de som, sugerindo “pé na bunda” na presidente da República, nos repetido bordões, gritando “bunda, bunda bunda”, com o locutor atiçando a multidão contra o restaurante de uma deputada, na orla de Copacabana, e o ator pornô Alexandre Frota discursando ao microfone barbaridades, expondo o baixíssimo nível ideológico, cívico, psicológico e de alfabetização dos líderes e apresentadores do evento. Até em contraste com os populares participantes, que, na maioria, eram famílias de classe média da Zona Sul. Não, o dia não me agradou. Evidenciou a vulgaridade a que se reduziu a vida brasileira, a partir de nossos meios de comunicação, com o palavrão virando vírgula, o desrespeito a nossos símbolos pátrios se tornando lugar comum, e fatos, que não são fatos, afirmados como verdades absolutas, a partir de notícias não apuradas, veiculadas pela mídia, baseando-se em processos não julgados etc. Foi lamentável!

Sem esquecer que corrupto não é apenas o PT, o Brasil vive essa síndrome desde Pero Vaz de Caminha. Pela primeira vez há um governo disposto a apurar, sendo também o primeiro a fornecer instrumentos legais para isso. O PRIMEIRO, preste atenção. E sem interferir no trabalho da polícia, muito menos do Judiciário. Errado é manipular o povo com inverdades, em nome de conveniências dos grandes da mídia e das corporações financeiras e estrangeiras. Isso é que é errado, Maria Luiza.

Tucanos poderão repetir o “estigma de Lacerda”, que pariu o golpe e não levou

Aécio e Alckmin junto com o alto tucanato foram vaiados, empurrados e xingados de modo grosseiro, ao chegar hoje na Av Paulista, confiram aqui. Bolsonaro e bispos evangélicos da política, tratados como heróis e mitos.

A isso foi reduzido o Brasil, com a contínua campanha para destruir Lula, desestabilizar o governo, através da tática de diminuir a auto estima do povo brasileiro, levá-lo à histeria, uniformizar seu pensamento, radicalizá-lo com informações truncadas e falsas, inclusive.

O final desse filme deverá ser a repetição do “estigma de Lacerda”, que deu o golpe e não levou, assistindo ao Brasil mergulhar em anos de torturas dantescas, noites e dias tenebrosos, para a vergonha de todos os que endossaram o Golpe, convenientemente rebatizado de ‘Revolução’.

Neste quadro, deverá ‘levar’ o mais fascista da fila que se apresentar, no atual Brasil que mescla Shehrazades e Frotas a formadores de opinião indignos, patrocinadores com afinco, ao longo dos últimos anos, do golpe de estado. Uns, por total acefalia. Outros, por completo maucaratismo, vendilhões do templo midiatico.

E por que querem obstinadamente destruir o Lula? Porque não conseguem vencê-lo nas urnas, e Lula poderá ganhar a próxima eleição, segundo as pesquisas. Seja ela daqui a 90 dias, em caso da deposição de Dilma, seja em 2018.

Porém, dado o gravíssimo e alto ‘nível de letalidade’ alcançado pelas manifestações de hoje, com imagens até do suposto enforcamento de um negro, entre outras, Lula emerge como único líder capaz de confrontar o crescimento dessa marcha do fascismo, que, por muito pouco, se tornará inexorável, salvando dessa forma o país de tal perigo.

Os cidadãos responsáveis, com visão critica e desabrida dos fatos, precisam imediatamente se unir num projeto de ação que interrompa o crescimento desse radicalismo de direita, preconceituoso, retrógrado, homofóbico, obscurantista, machista e desalmado – o fascismo – prestes a engolir a Nação.

E quem quiser saber mais sobre a manifestação de hoje no Rio, acesse meu perfil no Twitter. @hilde_angel

Adendo que se fez necessário, em 14/03/2016 – Links de alguns dos posts anteriores da colunista, referindo-se a Carlos Lacerda na tomada do poder em 1964 e o relacionando com o momento atual.

Estado de Exceção: desta vez, ninguém poderá dizer que ‘não sabia o que viria depois’…

AOS MILITARES DO PASSADO QUE FALEM E QUE FAÇAM REVELAÇÕES, O MEU RECONHECIMENTO

OS PERIGOS QUE RONDAM UMA CAPA PRETA…

Já dizia o Lobão: décadence avec élegance   (Publicado em
08/09/2011, bem antes de o cantor Lobão assumir sua atual posição política de direita radical)

FLAGRANTES DE HOJE COLHIDOS NA INTERNET

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FASCISMO 1 – Racismo. Simulando o enforcamento de um negro, por um branco de rosto pintado – como eram pintados os rostos dos artistas, no tempo em que os negros não podiam se apresentar nos palcos e shows.

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FASCISMO 2 – Preconceito de Classe. Humilhando e fazendo chacota daqueles que não têm recursos para se higienizarem da maneira adequada, por falta de recursos.

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FASCISMO 3 – O mesmo gesto da juventude hitlerista

VERGONHA!

Nova forma de Zika Vírus, o Zika Social, coloca a sanidade brasileira em risco

Nesses novos tempos que vive o país, temos sido atacados por doenças de  todos os tipos, transmitidas por vetores, que contaminam o corpo humano de várias formas. Dentre elas, a que agora se revela mais assustadora é a Zika Social, cujo vírus é transmitido por um vetor poderoso, que são as mídias.

A Zika Social provoca o atrofiamento do cérebro humano, causando a Microcefalia Social em todas as pessoas que têm contato continuado com o vetor. Aconselhamos, portanto, que não se aproximem do vetor sem a proteção de Repelex ou algum tipo de defesa, pois seu contágio é perigoso.

A Zika Social diminui qualquer tipo de capacidade cerebral, obliterando totalmente o raciocínio, sendo usual a pessoa ser acometida de fúria, às vezes criminosa, e levada a atos de violência.

Devido à amplitude do alcance do vetor, a contaminação da Síndrome da Microcefalia Social pela Zika Social é veloz, atingindo a todos, gerando uma epidemia incontrolável. O vetor penetra em todas as mentes e corações. Seu combate é muito mais difícil do que o do Aedes Aegyptus, já que atinge a sociedade como um todo, provocando o atrofiamento da atividade cerebral da população.

A infestação é de tal forma perigosa, que o indivíduo, quando ainda são, pode repentinamente surpreender-se ao constatar que a pessoa ao seu lado já está contaminada, como se vivesse a situação de um filme de terror cientifico.

Essa contaminação é primeiramente notada pela mudança do semblante, a elevação do tom de voz, o tique repetitivo de frases e de lugares comuns, que podem ser ouvidos continuadamente através do vetor. E todos à sua volta repetem o mesmo discurso. Esta é uma das características evidentes do atrofiamento.

Essa síndrome foi detectada e descrita, não por um cientista infectologista, mas por um artista, por acaso com o mesmo sobrenome de um saudoso grande ministro da Saúde do Brasil, Jamil Haddad. Trata-se do diretor de teatro, Amir Haddad, sempre cioso das questões de saúde pública, já que atua no teatro de rua, sendo uma liderança da arte popular no país e um permanente pesquisador do comportamento humano.

Na tentativa de alertar as autoridades sanitárias sobre esse grave problema, Amir recorre a este blog e pede que recomendemos luvas, máscara e o uso de repelente a todos que tiverem contato com o vetor transmissor.

Consta que, informada, a Organização Mundial da Saúde já manifestara a preocupação com a possibilidade de expansão da Zika Social pela América Latina e os demais continentes.

Zika Social – Microcefalia Social – Sintomatologia  

  •  Uniformidade de discurso
  • Ausência de distanciamento critico
  • Estágio final de fúria descontrolada.

CUIDADO COM O VETOR!

Desabafo do educado ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro contra a grosseria na internet

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Renato Janine Ribeiro, um brasileiro cordial

“Recebi umas mensagens de gente reacionária, mas não é este o ponto: o que me surpreende é a falta de educação dessas pessoas. Fico pensando: seus pais não lhes ensinaram bons modos? A escola não conseguiu formá-los para um mínimo de boas maneiras? Vão andando pela vida difundindo grosserias, sem que ninguém lhes chame a atenção, ou com rudeza ou com delicadeza?
Recomendei a alguns deles que lessem um Manual de Boas Maneiras, mas só lembro o do Marcelino de Carvalho, que li quando era criança. Há livros mais recentes que tratem disso?
O pior é que essas pessoas são tão mal educadas que nem me agradeceram a recomendação.”

Renato Janine Ribeiro – no Facebook

Cientista político Wanderley Guilherme dos Santos anuncia “no grito, não mais”

Wanderley Guilherme dos Santos, cientista politico que realmente podemos chamar assim, toma a temperatura política do país, recorrendo para isso a imagens e termos que assombram o momento e a consciência do brasileiro. Passando por “satanização”, “enxofre”, “presença do demônio”, “comportamento inquisitorial”, Guilherme dos Santos prossegue com “sessão circense”, “ódio amparado em toga”, “pobres e humilhados” e conclui com um alentador “no grito, não mais”.

Um cientista na interpretação política e, aqui neste texto abaixo, também na arte de explicar com palavras o balé ambíguo das autoridades, que a qualquer custo tentam encaminhar suas operações para um “fim inevitável”. Contudo, parecem ter errado na dose e, agora, se defrontam com resistência indignada da maioria da sociedade, conforme indica a pesquisa ontem realizada pelo Vox Populi, em que, dos 15 mil ouvidos, 65% viram exagero contra Lula e 43% reprovaram a conduta do juiz Sergio Moro ao determinar a condução coercitiva do ex-presidente Lula.

PREPARAR PARA A HORA DO “BASTA”!

Wanderley Guilherme dos Santos

A investigação Lava está à beira de implodir em razão do delírio ideológico dos promotores e do Juiz por ela responsáveis. A retórica desabrida, satanizando tolices, a desinformação e, pior, a antecipação de lances futuros, alguns fora da competência do Juizado curitibano, dificultam a distinção do que é prestação de contas, propaganda, dissimulação e wishfulthinking. A palavra “indício”, por exemplo, deixou de “indicar” algo e passou a gigantesca evidência, como o enxofre, da inconfundível presença do demônio. O óbvio planejamento de intervenções espetaculares de acordo com a temperatura política, e o crescente atrevimento com a descabida e prepotente condução coercitiva do ex-presidente Lula da Silva, resultam da complacência das autoridades superiores, no Executivo, Legislativo e Judiciário Trata-se de comportamento inquisitorial pré-concebido, insultando frontalmente as crenças cívicas da maioria dos pobres brasileiros e contaminando negativamente as expectativas da população, em geral.

À falta de, até agora, comprovados crimes de acumulação econômica ilegal, por  parte do ex-presidente Lula, policiais e procuradores transformam um inquérito da mais absoluta pertinência e tempestividade em malabarismos de sessão matinal circense em torno de pedalinhos, um sítio e um tríplex. Ainda que fossem doados mediante recursos de uma “vaquinha” entre todas as grandes empreiteiras nacionais, e durante o mandato do ex-presidente, a questão é: e daí? – Sem comprovação de que alguma delas foi direta e ilegalmente beneficiada por intervenção do presidente (e não a mera suspeita, pois alguma sempre ganhará concorrências) aceitar os pedalinhos seria criticável, mas de limitado atentado à moral e ao patrimônio público. Ora, não só não apareceram provas, nem mesmo, ao que saiba oficialmente, delação de ninguém a respeito de nada, como os procuradores estão desviando o olhar da população do que é fundamental: a acumulação econômica ilegítima via predação de patrimônio e recursos públicos. Com o aplauso dos que consideram que delação justifica coação e até prisão estão dando cobertura ao diversionismo midiático, cúmplices dos ladravazes enriquecidos por acumulação econômica ilegítima.

Comparar o absurdo acúmulo pessoal de riqueza por parte de empresários, políticos e altos burocratas a um sítio supostamente presenteado a Lula, é sandice, péssima utilização do mandato investigativo que a sociedade lhes paga: onde estão as contas no exterior, coleções de obras de arte, veículos, propriedades rurais e urbanas para exploração econômica, viagens regulares por conta própria e passadio de primeira em Paris, Londres, Nova Iorque? Onde se esconde o acervo de joias de d.Mariza? E seu guarda-roupa de grife? Sítio em Atibaia e tríplex em Guarujá que nem do casal são? Ora, trata-se de outra manifestação de preconceito, presumindo que Lula, de origem pobre, tisnaria sua dignidade e a da função que ocupou interferindo nas ações públicas por preço tão vil. Claro, corrupção mesmo, a sério, só para eles, bem nascidos e mal acostumados.

Os responsáveis pela investigação devem um balanço claro da Lava-Jato e da expectativa de prazos de conclusão. Claro que a descoberta de evidências (não “indícios”) provoca alteração em cronogramas, mas a existência de um quadro de referência é indispensável para que o jornalismo possa acompanhar e a opinião pública possa avaliar se estão sendo eficientes e produtivos ou meramente difamadores e garotos propaganda de televisão.

Com a coação física e moral do ex-presidente Lula os responsáveis pela Lava-Jato talvez venham a se revelar indignos dos privilégios que desfrutam. O ex-presidente é um dos mais importantes recursos políticos dos miseráveis deste País, líder de governos capazes de provocar justamente esse ódio amparado em toga. Destruí-lo, seria uma derrota imensurável para os pobres e humilhados; destruí-lo injustamente, aproveitando os privilégios de classe e corporação, é inaceitável. Se for comprovada a precipitação e o infundado da coação ao ex-presidente, o insulto não poderá passar em branco. Juízes e procuradores deverão pagar pela ameaça em que se constituíram aos pobres do Brasil. Pedidos de desculpa serão insuficientes. Hora de preparação para o que estão pedindo. No grito, não mais.

É chegado o momento, mais do que nunca, de tomar posição

A sociedade precisa refletir sobre a gravidade do atual momento brasileiro, quando o que se parece pretender não é o cumprimento da lei, é a perseguição a um político que um grupo não aprova: Lula. Quando exorbita-se com 1, exorbita-se com 1 milhão. Já vimos esse filme. Os golpistas são os mesmos, as táticas iguais às de 54 e 64, os caminhos percorridos idênticos, os argumentos se repetem. Sequer têm imaginação para tirar novidade da cartola, um discurso que não seja aquele mesmo velho discurso lacerdista da corrupção, quando sabemos que os políticos da oposição que mais batem no peito simulando honradez têm todos “a mão amarela”.
Vergonha dos companheiros da imprensa – não mais os chamarei de companheiros – que ajudaram a fazer ferver esse caldeirão para desestabilizar o Brasil e promover o caos, disseminando meias verdades, verdades transversas, dados manipulados, insinuações cínicas.
É chegado o momento, mais do que nunca, de tomar posição. Assim eu faço. Nojo daqueles que se submetem ao papel triste de aliciar a mente desprotegida e desarmada de brasileiros, fazendo um trabalho massivo de subversão da consciência nacional em nome da conveniência de seus patrões. Transformaram o Brasil num vale tudo, e o povo já sai às ruas. Era isso que eles pretendiam: transformar o Brasil num circo e ver esse circo pegar fogo para, enfim, alcançarem o poder, pois, pela via democrática do voto, não conseguem.